O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, falecido, nesta sexta-feira (23), aos 81 anos, documentou o mundo ao longo de sua trajetória na fotografia. Formado em economia antes de se dedicar à fotografia no fim da juventude, Salgado se destacou pela delicadeza e primosidade presente na construção de suas imagens. De Ruanda à Guatemala, passando por Indonésia e Bangladesh, o brasileiro fotografou situações de fome, guerras, êxodos e exploração do trabalho no Terceiro Mundo, com um olhar empático e não condescendente “de quem vem da mesma parte do mundo”, como costumava dizer.
Ao longo de sua vida, o fotógrafo buscou tocar as pessoas por meio de suas produções e defendeu que “não podemos ser apenas espectadores da destruição”, mas sim, “agentes de mudança”. Assim, o autodidata, que também tinha a nacionalidade francesa, deixa um testemunho icônico de centenas de fotografias, publicado tanto em grandes jornais quantos em museus.
“A fotografia pode mudar o mundo. Ela pode mover corações e mentes. Eu fotografo o que há de mais humano em nós: a luta, o sofrimento, mas também a resiliência e a esperança. A luz é o primeiro elemento da fotografia, mas a emoção é o que dá vida à imagem”, expressou Sebastião salgado.
Seu trabalho, amplamente reconhecido por suas imagens em preto e branco, abordou questões sociais e a vida de comunidades marginalizadas. Projetos como “Terra”, “Êxodos” e “Amazônia” refletem seu profundo envolvimento com causas sociais e ambientais, evidenciando sua sensibilidade artística. Nascido em 1944 em Minas Gerais, Salgado revolucionou o fotojornalismo ao combinar uma estética poderosa com uma forte carga emocional. Ele se destacou em agências renomadas e foi membro da prestigiada Magnum Photos. Sua carreira começou a ganhar destaque com o livro “Outras Américas”, lançado em 1986, que retratou a realidade de camponeses e indígenas na América Latina.
Em 1998, junto com sua esposa Lélia, fundou o Instituto Terra, uma iniciativa voltada para a recuperação da Mata Atlântica. Desde sua criação, o instituto já plantou mais de 2 milhões de árvores e revitalizou nascentes na Bacia do Rio Doce, contribuindo significativamente para a preservação ambiental. Em 2024, uma de suas fotografias foi selecionada pelo New York Times como uma das 25 imagens que definem a era moderna. A saúde de Salgado enfrentou desafios ao longo dos anos, incluindo uma forma rara de malária contraída em 2010, que culminou em complicações e, posteriormente, em leucemia severa.
Apesar das adversidades, seu trabalho continuou a inspirar e impactar pessoas ao redor do mundo. Ele era casado há 61 anos e teve dois filhos, Juliano e Rodrigo, que também se dedicaram a preservar seu legado. Juliano, um dos filhos de Salgado, dirigiu o documentário “O Sal da Terra”, que explora a vida e a obra de seu pai, trazendo à tona a importância de sua contribuição para a fotografia e a conscientização social.
Veja abaixo algumas de sua fotos icônicas:
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