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Reverendo Angelo Banki: um cônego santa-cruzense

Coluna Celso Prado e Junko Sato Prado

25/05/2025 às 10h48 Atualizada em 25/05/2025 às 10h54
Por: Redação Fonte: Celso Prado e Junko Sato Prado
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Reverendo Angelo Banki: um cônego santa-cruzense

 

Santa Cruz não teve colonização japonesa empresarial e sim a espontânea, com as chegadas de algumas famílias, por indicações, parentescos ou mesmo aventuras.

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A imigração japonesa no Brasil iniciada em 1908 teve seus primeiros residentes em Santa Cruz nos anos de 1920, para as lavouras de algodão, café a alfafa. As grafias dos nomes podem ser fonêmicas, ou seja, escritas conforme entende o escrevente.

Algumas tradições apontam os primeiros japoneses 'santa-cruzenses' vindos do Vale da Ribeira, após os contratos com a empresa 'Brasil Takushoko Kaisha', por volta de 1918/1920, ou depois, em 1925, da mesma região, pela empresa 'Kaigai Kogyo Kabushiki Kaisha'. Relatórios de Governo atestam presenças de citadas empresas responsáveis pela entrada dos imigrantes japoneses no Ribeira, contudo não informam destinos após cumprimento de contratos (Relatório da Secretaria dos Negócios da Agricultura do Estado de São Paulo, 1916: 141-148; 1925: 117).

A família Fukuda teria sido a primeira dentre os imigrantes nipônicos em Santa Cruz, com presença registrada desde maio de 1920. 

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A partir de 1924 outras famílias japonesas são registradas, entre elas a Sakuda. – do casal Kioygi e dona Dissi, que chegou acompanhada da filha Haku, já casada com Sakataru Banki, mãe de filhos. Haku acrescentou Sopia ao seu nome e o marido o nome de Julio. Os Sakuda e Banki entraram no Brasil em 1914.

Documentos oficiais informam ambas as famílias residentes e trabalhadoras na Fazenda Santa Maria, em Santa Cruz do Rio Pardo, que foi propriedade de Arlindo Vieira Paes, plantação de café.

A família Banki ainda residia na Fazenda Santa Maria, quando aos 19 de julho de 1927, nasceu Angelo Banki, o sétimo dos dez filhos do casal Sakataru e Haku. Conhecidos os avós maternos Kioygi Sakuda e dona Dissi Sakuda, foram os avós paternos Hatsudi, às vezes grafado Hatudi, e dona Taki, com sobrenomes Banki.

"Nascido em Santa Cruz do Rio Pardo (SP) Banki é o sétimo de 10 filhos de um casal que deixou Hiroshima para desembarcar no Brasil em 1914, apenas seis anos depois dos primeiros imigrantes nipônicos chegarem ao país. Logo, a família que chegou a enfrentar a fome, primeira realidade dos imigrantes orientais que sonhavam em ganhar dinheiro rápido e voltar para a terra natal, converteram-se ao catolicismo. E o menino Ângelo, aos 10 anos, não teve dúvidas quando o pai lhe perguntou se não queria ser padre. Rapidamente disse sim e pela primeira vez calçou um par de sapatos para ir estudar na capital" (Santin - Wilhan, 2009: 1 jornal Bonde – digital, Londrina – PR, matéria original da Folha de Londrina).

Algum tempo após, a família Banki transferiu-se de Santa Cruz do Rio Pardo para Cândido Mota-SP, conforme registrado no documento de estrangeiro emitido em nome de dona Sofia Haku em 3 de junho de 1940. Posteriormente, o casal Banki foi mencionado residente em Terra Roxa, então parte do município de Peabiru-PR, onde a dona Sofia veio a falecer em 1º de setembro de 1967, deixando viúvo o marido. 

Angelo começou os estudos tarde e foi ordenado padre em 18 de março de 1959, na Catedral São Francisco Xavier, em Tóquio. Quinze anos depois, chegou à Arquidiocese de Maringá em 1974, como Cônego, após várias missões sacerdotais. 

O reverendo Ângelo, um dos primeiros padres católicos de ascendência japonesa no Brasil, foi pioneiro ao celebrar a primeira missa no topo do Monte Fuji, o ponto mais alto do Japão com 3,7 mil metros, em 1954. Durante a celebração, ele deixou no local uma imagem de bronze de Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil.

Banki exerceu parte de seu sacerdócio na Paróquia Santo Cura d’Ars, em Paiçandu, Arquidiocese de Maringá – PR, onde realizou diversos feitos. Ele tem uma trajetória significativa na carreira sacerdotal e também no magistério, atuando como professor de Inglês, História e Geografia.

Banki deu várias entrevistas que se destacam por suas características especiais e humanas, contando sua história de vida. Apesar de enfrentar Alzheimer e diabetes acentuado, manteve uma boa qualidade de vida com cuidados alimentares e medicação adequada. Não costumava reclamar da vida e sempre demonstrava gratidão, sendo um homem realmente dedicado ao sacerdócio.

O cônego Banki faleceu em 13 de maio de 2017, aos 89 anos, após um período de internação na Santa Casa de Maringá-PR devido a complicações renais agravadas por pneumonia. A causa da morte foi parada cardíaca, registrada às 8h30 do dia 13 de maio, coincidindo com o Dia de Nossa Senhora de Fátima. 

Existem várias histórias sobre o padre Banki. Uma delas pode ser encontrada no seguinte endereço: https://www.youtube.com/watch?v=a5jy9gZsH6M  

Banzai padre Banki...Banzai...o senhor deixou saudades.

 

 

 

 

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Luiz Antônio Barbosa Há 2 semanas Ourinhos SP Parabéns Celso e Junko!
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Celso Prado e Junko
Sobre o blog/coluna
O casal de memorialistas Celso Prado e Junko Sato Prado dedica-se à história antiga santacruzense e regional. Com uma densa produção literária, Celso e Junko são responsáveis pelo resgate de episódios e personagens marcantes, além de trazerem à tona informações inéditas a partir de meticulosas pesquisas documentais.
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