O músico, compositor e produtor Vasco Debritto faleceu na manhã desta segunda-feira (3), em Marília (SP), aos 73 anos. De acordo com familiares, no último dia 23 de maio, Vasco sofreu um aneurisma da aorta abdominal em Santa Cruz do Rio Pardo. Ele foi transferido para o Hospital das Clínicas de Marília, onde passou por uma cirurgia considerada bem-sucedida. No entanto, nos dias seguintes, apresentou complicações e veio a óbito.
O velório e o sepultamento estão previstos para ocorrer nesta quarta-feira (4), em Santa Cruz do Rio Pardo, mas os detalhes sobre o horário e o local ainda não foram divulgados oficialmente pela família.
Vasco Debritto era reconhecido por sua contribuição à música brasileira, especialmente na cena da Música Popular Brasileira (MPB). Natural de Santa Cruz do Rio Pardo, iniciou sua trajetória musical na adolescência e, ao longo de sua carreira, atuou como compositor, cantor, violonista, arranjador e produtor musical. Seu trabalho influenciou diversos artistas e deixou uma marca significativa na cultura musical do país.
Vasco Debritto deu os primeiros passos na música aos 13 anos, estudando violão com o professor Mário Nelli. Aos 17, mudou-se para o Rio de Janeiro para cursar Engenharia, mas abandonou a faculdade no quarto ano para se dedicar integralmente à carreira musical.
Na capital fluminense, integrou a cena autoral da década de 1970. Em 1977, foi convidado por Sidney Miller para participar do Movimento Aberto de Arte, no Museu de Arte Moderna. Naquela ocasião, dividiu palco com Joana (que usava ainda o nome Fátima Nogueira) e com Sandra de Sá, tendo Leci Brandão como influenciadora artística.
Incentivado por Antônio Adolfo, gravou seu primeiro compacto simples de modo independente no fim dos anos 1970. Em 1980, lançou o LP “Um dia a coisa muda”, com canções autorais e participações de músicos como Téo Lima, Tomás Improta, Magro (MPB-4), Márcio Mallard, Jorjão, Jaime Alem e Maurício Maestro. No mesmo ano, integrou projetos coletivos como a “Temporada de Verão dos Independentes” (Teatro Ipanema, RJ) e o “Projeto Seis e Meia” (Sala Funarte, RJ), ao lado do grupo “A Barca do Sol”, sob direção de Stephan Nercessian. Seu nome passou a constar no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira.
Em 1984, a convite do Consulado Geral do Japão, Vasco partiu para uma temporada de shows como parte de intercâmbio cultural. Permaneceu em atividades no país asiático até meados dos anos 1990, quando fundou o selo “Koala Records” para gravar com artistas japoneses e estrangeiros. Em 1999, lançou o CD “Visions”, com faixas como “Águas” (tema a bordo dos voos da Japan Airlines) e “Rio de Janeiros” (um dos videoclipes mais executados na TV a cabo japonesa IPC). O álbum foi indicado ao prêmio Disco de Ouro da Música Brasileira. Em 2001, lançou o disco “Praia dos Corais”, gravado no Rio de Janeiro e em Nova York, com participações de Ron Carter, Paulo Braga, Fernando Merlino, Robertinho Silva, Romero Lubambo e Maurício Maestro.
Após décadas em circulação nacional e internacional, Vasco retornou definitivamente a Santa Cruz do Rio Pardo em 2018. Naquele ano, sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) que afetou a sensibilidade dos dedos, mas continuou compondo e planejando novos lançamentos.
Vasco Debritto acumulou mais de 150 composições registradas em gravações de artistas de diversas regiões do Brasil e do exterior. Um boêmio inveterado, romântico e libertário. Assim foi Vasco Debritto.
O artista deixa os filhos Julia e Pedro, o irmão Luiz Britto e a irmã Márcia Britto (in memória)
Mín. 13° Máx. 26°