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Promotoria apura exclusão de alunos com deficiência da rede regular em Santa Cruz do Rio Pardo  

Inquérito civil questiona matrículas exclusivas na APAE em 2025 e cobra explicações sobre transição para ensino inclusivo

10/06/2025 às 23h34
Por: Diego Singolani
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O promotor Marcelo Saliba. Foto: DEBATE
O promotor Marcelo Saliba. Foto: DEBATE

O Ministério Público instaurou inquérito civil para apurar por que 11 alunos com deficiência intelectual foram matriculados exclusivamente na APAE de Santa Cruz do Rio Pardo em 2025, sem acesso à rede regular de ensino. Conforme documentos da Promotoria de Justiça local, os encaminhamentos partiram da Secretaria Municipal de Educação e da Delegacia Regional de Ensino (DRE) de Ourinhos – prática que, segundo o MP, descumpre a política nacional de educação inclusiva.  

O promotor Marcelo Saliba fundamenta a ação no marco legal vigente: desde a incorporação da Convenção sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência à Constituição, é vedada qualquer forma de segregação escolar com base em deficiência. O Estatuto da Criança e do Adolescente (art. 55) reforça que o Estado deve garantir acesso à rede regular para alunos de 4 a 17 anos.  

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De acordo com o MP, o modelo correto prevê:  

1. Matrícula prioritária na rede regular, com apoio de profissionais e adaptações;  

2. Atuação da APAE como complemento (não substituto) ao ensino comum;  

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3. Planos individuais de transição para alunos já vinculados à entidade.  

A investigação surge porque esse fluxo não foi seguido. Relatório do Núcleo de Apoio Técnico (NAT) do MP, de 2023, já havia alertado sobre a ausência de ações de transição, mas as matrículas exclusivas persistiram.  

Os municípios de Santa Cruz do Rio Pardo, Espírito Santo do Turvo e São Pedro do Turvo (estes dois últimos por encaminharem alunos à APAE sede) e a DRE de Ourinhos terão 30 dias para responder:  

- Lista detalhada dos alunos com matrícula exclusiva na APAE (2024-2025);  

- Justificativas individuais para não inclusão na rede regular;  

- Comprovação de avaliações periódicas para reintegração;  

- Cópia de planos de transição aprovados entre APAE, DRE e municípios.  

Também será apurado:  

- Se a "falta de estrutura" da rede pública foi usada como argumento;  

- Se há repasse de verbas para matrículas não oficializadas;  

- Se a APAE comunica ao poder público casos de matrículas diretas por famílias.  

O presidente da APAE e os prefeitos dos três municípios serão notificados. O caso terá acompanhamento do Tribunal de Contas do Estado, Câmaras Municipais e Secretaria da Pessoa com Deficiência. 

Em seu despacho, o promotor Marcelo Saliba ressalta que eventuais transições devem respeitar a "biografia de cada sujeito", evitando rupturas. O inquérito não questiona a relevância da APAE, mas sim a ausência de mecanismos legais para garantir o direito à educação inclusiva.  

 

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