Memória popular. Um 'bate-pau' [infiltrado] que se passava por 'apóstolo' atirou no frei Manuel à traição, pelas costas, de outra maneira não ousaria enfrentar o 'santo' e nem o tiro lhe faria efeito. Só havia um meio de eliminar o 'beato', pelas costas, como símbolo da traição..
Até contam, sem qualquer prova, que o frei profetizou sua morte: "Já é tempo de me ausentar de vós. A traição me levará de vós. Estarei com vocês todos os dias depois da minha partida, nos astros, nas matas, nos animais, em tudo." Também na memória popular, Frei Manuel iria ser deputado no céu a trabalhar por seus fiéis.
Os seguidores do frei Manuel ergueram uma cruz no local onde ele foi morto, construíram um cercado, fizeram canteiros e plantaram flores ao redor do cômodo preservado após seu assassinato.
O promotor público e literato Valdomiro Silveira, na coluna 'No Sertão' publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo (12/09/1906:1), informou:
—"Aconteceu que um dia naquelle cercado, não se sabe como, uma cachorra de tetas cheias e duras. Estava aleitando, com certeza, e mataram-lhe algures os filhos tenrinhos. Com as ubres apojados, a cachorra uivava de aflição e esfregava-se pelo cedro da cruz. E os fieis tresmalhados daquelles arredores, reunindo-se por horas, fizeram-lhe grande festa, julgando-a por enviada de Frei Manuel para consolo delles. Enfeitaram-na muito, acariciaram-na, trataram-na com todo amor, e houve alguns que chegaram a dizer, convictamente, que no corpo daquela pobre cachorra magra estava a alma ardente do santo."
Colheram o leite da cadela aflita, cujos ganidos interpretados como pedido do 'santo', e cada um dos fiéis levavam gotas do leite para curar enfermos em casa ou em si mesmos, sendo especial para fazer sumir manchas avermelhadas do corpo. Frei Manuel não os abandonara.
Joaquim Catirina ou Cathirina não é uma figura conhecida nos contextos estaduais do Brail, mas no Norte e Nordeste brasileiros, Catirina é uma personagem feminina central do folclore Bumba Meu Boi ou Boi Bumbá. A trama gira em torno da escravizada Catirina, grávida, que deseja comer a língua do boi mais valioso da fazenda da região, levando o seu marido Pai Francisco, também escravo, a matar o boi. Isso provoca eventos como a ressurreição do boi etc, eventos presentes nas festas populares regionais brasileiras.
Francisco Izabel, outro possível nome do Frei Manuel, igualmente não localizado no Brasil da época, a tratar-se de personagem apenas descrito por alguns autores regionais nos tempos do Sertão Paranapanema, que figurou como Joaquim Cathirina ou Drei Manuel, em jornais da grande imprensa paulista nos anos 1890, antes até de 1906, quando apareceu nos escritos do literato Valdomiro Silveira, promotor público em Santa Cruz do Rio Pardo. Frei Manuel, descrito por Silveira, não se trata de fabulação sertaneja com antes se pensava.
O movimento liderado por Frei Manuel, identidade também grafada como Frei Manoel, era uma organização dinâmica centrada em sua liderança carismática. Ele empregava práticas religiosas no Sertão Paranapanema, utilizando uma abordagem messiânica fundamentada no catolicismo popular, com o objetivo de promover mudanças sociais que correspondessem aos anseios da população local. Tal movimento refletia a insatisfação dos participantes com a realidade vigente e seu desejo de reformá-la.
—Desde os tempos do Brasil colônia são identificados profetas, beatos, santos e até elegidos reconhecidos pelo povo como manifestas teofanias, ou seja, a presença temporal do próprio divino em um humano. A manifestação de Deus no meio popular serve como alívio ao sofrimento, oferecendo uma solução sobrenatural através das palavras do mensageiro.
Os registros sobre Frei Manuel que chegaram aos dias atuais são limitados. Sem documentos escritos adicionais, é impossível confirmar mais informações. Sobram apenas tradições e relatos, às vezes conflitantes, de descendentes daquela geração.
Ditavam as lembranças nos anos de 1970 que os escritos do dr. Barros, espécie de escriba do dia a dia do beato e de seus seguidores, foram apreendidos e destruídos, num acordo com autoridades para que o seu nome fosse apagado daqueles acontecimentos; que pudesse exercer a advocacia; e até continuar no exercício de seu cargo público.
—Joaquim Pereira de Barros, conhecido como 'Dr. Barros', tem registros de atuações profissionais após perceptível, até o momento, período sabático.
Mín. 11° Máx. 27°